Pelo menos 20 pessoas morreram e outras 52 ficaram feridas
após um atentado suicida ocorrido neste domingo (22) dentro de uma igreja
ortodoxa nos arredores de Damasco, capital da Síria.

O ataque aconteceu durante uma cerimônia religiosa na Igreja
de Mar Elias, localizada na região de Dweil’a, conforme relatado pela agência
estatal SANA.

Segundo as autoridades sírias, um homem armado invadiu o
templo enquanto os fiéis estavam em oração. O agressor, que portava um colete
explosivo, abriu fogo contra os presentes antes de se explodir próximo à
entrada do local.

Relatos indicam que entre as vítimas havia crianças. O
Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, confirmou
o ataque e reportou "dezenas de feridos", embora não tenha
apresentado um número exato de mortos.

O atentado é considerado o primeiro do tipo contra uma igreja
na Síria em vários anos, e ocorre em um período sensível, no qual o governo de
Damasco tenta se reposicionar internamente para reconquistar a confiança de
minorias religiosas, especialmente em meio à presença persistente de grupos
extremistas em partes do país ainda instáveis.

Até o momento, nenhuma organização assumiu a autoria do
atentado. No entanto, o Ministério do Interior da Síria afirmou que o ataque
foi cometido por um militante do grupo Estado Islâmico.

Segundo o relato oficial, o terrorista disparou contra os
fiéis antes de acionar os explosivos que levava consigo — uma versão que
coincide com testemunhos colhidos no local.

Hamza Mostafa, ministro da Informação da Síria, classificou o
atentado como um “ato terrorista covarde” e declarou que o governo está
comprometido em combater o extremismo e proteger a população. “Este crime vai
contra os valores da convivência e da cidadania. Continuaremos firmes contra
todas as ameaças à nossa sociedade”, publicou em sua conta oficial na rede X
(antigo Twitter).

O sacerdote Fadi Ghattas disse ter visto ao menos 20 corpos
dentro da igreja. “Havia cerca de 350 pessoas orando. Era um momento de paz que
terminou em horror”, contou.

Outro sacerdote, Meletius Shahati, relatou que um segundo
agressor teria disparado contra a entrada da igreja antes da explosão
principal, o que levanta a possibilidade de uma ação coordenada.

Fiéis que estavam no local descreveram imagens de desespero.
“As pessoas estavam despedaçadas… Nunca empunhamos uma arma, só levávamos
nossas orações”, disse Issam Nasr, um dos sobreviventes.

Imagens divulgadas pela mídia estatal mostraram bancos
destruídos, manchas de sangue e escombros dentro do templo. Equipes de
emergência foram acionadas rapidamente e prestaram socorro aos feridos,
enquanto parentes e testemunhas se reuniam em lágrimas no entorno da igreja.

Este episódio reacende o alerta para o risco da reativação de
células terroristas no país, que ainda sofre as consequências de mais de uma
década de guerra civil e instabilidade política.

Thiago Guerreiro – Conectv Atlanta