JORNALISTA AMERICANO REFORÇA DENÚNCIAS CONTRA MORAES SOBRE AÇÕES DO 8 DE JANEIRO

O jornalista norte-americano Michael Shellenberger divulgou
nesta segunda-feira (4) um novo conjunto de documentos que, segundo ele,
indicam supostos abusos cometidos pelo ministro Alexandre de Moraes na condução
das investigações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023.
O material, apresentado como um “dossiê”, sugere que o
Supremo Tribunal Federal (STF) teria montado uma força-tarefa irregular para
prender manifestantes pró-Bolsonaro após os ataques em Brasília. A reportagem
tem colaboração dos jornalistas David Ágape e Eli Vieira.
De acordo com os documentos divulgados, que incluem conversas
de WhatsApp e papéis oficiais, Moraes teria criado um protocolo interno para
monitorar perfis de redes sociais de suspeitos e usar essas informações para
justificar as prisões.
A coordenação dessas ações, segundo o dossiê, ocorreria em um
grupo de WhatsApp que reunia servidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e
do STF, incluindo Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro.
O jornalista já havia ganhado destaque no Brasil ao publicar
os chamados “Twitter Files Brasil”, série que revelou trocas de e-mails entre representantes
do X (antigo Twitter) no Brasil e autoridades americanas entre 2020 e 2022.
Esses e-mails indicariam pressões do Judiciário brasileiro
para que a plataforma fornecesse dados de usuários críticos ao governo e ao
sistema eleitoral.
Na nova denúncia, Shellenberger apresenta capturas de tela
que mostrariam diálogos entre Cristina Yukiko Kusahara, ex-chefe de gabinete de
Moraes, e Tagliaferro. Em uma dessas conversas, Cristina comenta que a
Procuradoria-Geral da República (PGR) defendia liberdade provisória para alguns
presos preventivos, mas que o ministro resistia em autorizar as solturas antes
de analisar as atividades nas redes sociais dos detidos.
O dossiê também menciona que o grupo de mensagens teria sido
desativado em 1º de março de 2023. Na data, o juiz Airton Vieira teria escrito
uma mensagem de despedida afirmando esperar que “nas audiências de custódia
possamos dar a cada um o que lhe é de direito: a prisão”.
As acusações apontam para uma suposta concentração excessiva
de poder por parte de Alexandre de Moraes, que, acumulando funções no STF e no
TSE, teria atuado para contornar limites legais.
O caso reacende o debate sobre os limites da atuação do
Judiciário e reforça críticas de setores que veem nas decisões do ministro uma
ameaça à separação de poderes e às garantias democráticas.
A denúncia está no website: https://www.public.news/p/exclusivo-novos-documentos-mostram
Thiago Guerreiro – Conectv Atlanta
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